quarta-feira

- Precisamos do papel machê, Lívia (que agora também é esquizofrência).
- Sim, sim, encontraremos.

Gosto de procurar papel machê nesse lugar. É o que eu mais gosto de fazer. Posso passar dias, existências, aqui, procurando papel machê. Eu sempre procuro, peregrino, peço e enlouqueço nesse cantinho. Antigamente tinha muito papel machê aqui, mas ele foi esvaziando, perdendo sentido, sem explicação. Mas veja você que coisa entranhada - parece que aqui sentada na frente da pia do banheiro, gavetas abertas, as coisas são tão avacalhadas que eu posso fingir de louca e jogar na ladeira a vida, como se fosse coisa pouca. Há quem pense que eu fico em casa propurando borboletas por causa de você, papel. Mas eu fico é te procurando e te procurar é bom que mata.

Ora todas nós somos vazias, não é privilégio das que saem pra comprar roupa não.
Esvazia, gasta tudo, o papel acaba, o diretor manda pra casa.

- Mas que interessante. Acho que ele gastou a gente.

Nenhum comentário: